Elementos do fanzine

Henrique Magalhães

O fanzine muitas vezes se caracteriza pela informalidade, pelo modo espontâneo e pessoal com o qual se expressa o editor. Dessa maneira, a primeira ideia que se tem ao se folhear um fanzine é que, por sua simplicidade, qual­quer pessoa pode fazer o seu, bastando para isso ter interesse, ser fanático por alguma arte ou hobby ou ter guardada uma coleção de gibis. Na verdade, é isso mesmo: o processo de produção de um fanzine depende só da boa vontade de seu editor. Mas, se aparentemente é muito fácil fazer um fanzine, a produção de um fanzine mais elaborado exige muita dedicação e uma razoável compreensão do processo editorial, que envolve várias etapas, desde a coleta do material até a divulgação e distribuição.

Por realizar um trabalho tão personalizado, o editor de fanzine acaba por dominar todas as etapas de produção: juntar seus artigos e os de colaboradores, digitar os textos, digitalizar as ilustrações ou reproduzi-las em fotocopiadora, diagramar, paginar, imprimir, intercalar as folhas, grampear, divulgar e distribuir. Quando o fanzine resulta de um trabalho de grupo, de modo geral não há divisão rígida de tarefas, como nas publicações comerciais. No grupo, é comum que todos dominem as várias fases da produção. E aqui não falamos dos pequenos folhetos, que acabam sendo a maior parte dessas publicações, mas dos fanzines que se assemelham, no aspecto gráfico e editorial, às revistas especializadas profissionais.

Apesar de serem publicações amadoras e de alcance restrito, algumas referências são muito importantes para identificar o fanzine, como o nome dos responsáveis, o número, a data, o endereço, a lista dos colaboradores. Pode-se acrescentar ainda o tipo de impressão e o número de exemplares. Esses dados são essenciais quando se têm os fanzines como fonte de pesquisa e documentação. Como lembra Fernando Vieira, seus responsáveis tenham consciência ou não, cada fanzine que sai é um documento e, como tal, convém personalizar suas características[1].

Escolha do tema

O primeiro passo para se fazer um fanzine é escolher o assunto que se quer abordar: música, quadrinhos, cinema, ficção científica etc. Dentro do tema escolhido, convém definir o enfoque a ser trabalhado. Para os quadrinhos, pode-se trabalhar com autores brasileiros, super-herói, humor, série, personagem ou vários ao mesmo tempo. Como a edição não tem fins lucrativos, cujo objetivo é a troca de informações e a ampliação do universo de estudo, é importante escolher um gênero pelo qual se tenha verdadeiro interesse, de modo que não seja um sacrifício o tempo e o dinheiro empregados em sua elaboração.

É importante que se tenha domínio sobre o assunto escolhido e acesso a informação. Se o gênero que se vai trabalhar é nostalgia dos quadrinhos, uma boa coleção de revistas antigas torna-se imprescindível, bem como o conheci­mento sobre as publicações que circularam em décadas passa­das. Em geral, os que buscam esse gênero são aqueles que viveram o período em estudo, dando aos fanzines o tom emocional que os tem caracterizado. É comum para os jovens editores trabalhar com os quadrinhos da atualidade, publicando a obra de novos artistas e fazendo a análise das publicações do mercado.

O público

O editor de fanzine estabelece a relação com seu público principalmente por intermédio da seção de cartas, mas também por meio da troca e venda de publicações. Boa parte do público é formada por editores de outros fanzines. Muitos trocam fanzines entre si, numa espécie de camaradagem própria ao meio. No entanto, esta prática tem se tornado cada vez mais rara devido à disparidade e irregularidade das publicações.

É comum que o leitor passe a ser também colaborador do fanzine, enviando material para ser publicado, como artigos, quadrinhos, poesias, contos, ilustrações. As co­laborações são gratuitas, visto que os fanzines não têm fins lucrativos e são um espaço para a divulgação de novos autores. Para o público, é importante saber que pode intervir no fanzine e é essa participação que dá muitas vezes vida à publicação. Dessa forma, é importante estimular os leitores solicitando o envio de cartas e todo tipo de colaboração.

A opinião do público será sempre um fator essencial na produção do fanzine. É muito gratificante saber que o fanzine está sendo apreciado pelos leitores. Para Edgard Guimarães, “esses leitores é que mantêm o ânimo dos editores para continuarem suas revistas. São uma parcela mínima da população, que valorizam os quadrinhos, especialmente os nacionais, e que, normalmente, são generosos nas apreciações que fazem de nosso trabalho”[2]. A seção de cartas dos fanzines é também o espaço de comunicação entre os leitores, onde as divergências de opinião podem, por vezes, gerar polêmicas estimulantes.

Formato

A maior parte dos fanzines tem seu formato condicionado ao pro­cesso de impressão. Como é comum o uso de fotocópias, os fanzines podem apresentar o formato ofício (21,6cm x 33cm), ou o meio-ofício (16,5cm x 21,6cm), com a folha dobrada ao meio; ou ainda o formato A4 (21×29,7cm) ou o formato A5 (14,8x21cm), com a folha dobrada ao meio. Em geral, eles são impressos no sentido vertical do papel, porém o prestigiado fanzine Historieta destacou-se também pela utilização do sentido horizontal. Alguns fanzines não apresentam formato fixo, variando a cada edição, cujo exemplo mais marcante foi O Pica-Pau.

A discussão sobre o formato atingiu, em particular, as editoras comerciais, que produziam a maior parte de suas publicações no questionado formatinho (13,5x19cm). A redução do formato original estadunidense para o formatinho trouxe muito prejuízo para a leitura visual dos quadrinhos contemporâneos, ricos em cores e de­talhes. Mas, para os fanzines, há quem defenda o formato meio-ofício por facilitar a intercalação, pelo alinhamento que o grampo, colocado no meio da folha, dá à publicação e pela facilidade de guardá-los. A principal razão alegada, no entanto, é a econômica.

Cesar Ricardo, do fanzine Hiperespaço, dá a receita: “produz-se as matrizes no tamanho ofício, faz-se a redução das páginas inteiras, monta-se duas a duas de acordo com a paginação e xeroca-se normal­mente; o custo de pré-produção sobe, mas o da cópia cai à metade. Se a tiragem for alta, vale a pena e não se perde texto. Se for baixa, fica o mesmo preço”[3].

Volume

O número de páginas do fanzine depende do tema escolhido, da quantidade de material disponível, do tempo livre do editor e do custo de produção. Há temas que rendem mais informações, como o voltado para a produção comercial de super-herói. Para este, o próprio mercado é uma fonte perene e inesgotável de informações, fornecendo desde relatos dos bastidores das criações até as especulações sobre o destino de determinados personagens ou grupos de heróis. A adaptação dos quadrinhos ao cinema também pode gerar muitas laudas de discussão. Para os temas que não oferecem um fluxo grande de informações, a saída para se ter um fanzine mais volumoso é aumentar o período de produção, estabelecendo uma periodicidade mais longa.

Alguns editores procuram fixar um número de páginas do fanzine, mas quase sempre aumentam ou reduzem a cota estipulada. Há casos em que são publica­dos verdadeiros álbuns, com dezenas de páginas, enquanto outros não passam de uma ou duas folhas. A maioria não alcança duas dúzias de páginas. Como tudo o mais nos fanzines, não há regra para o volume, depende de cada editor e de cada edição.

Periodicidade

Para qualquer publicação, a periodicidade é um elemento importante para garantir a fidelidade do público, seja profissional ou amadora, todavia, no que se refere aos fanzines, raramente ela é mantida. Com exceção dos fanzines de nostalgia, cuja regularidade é admirável, quase todos atrasam meses, ou anos, dando a impressão de que deixaram de existir.

Esse descompromisso com a periodicidade prejudica a continuidade editorial do fanzine. Cada nova edição acaba sendo um recomeço, em vez de seu desenvolvimento. Os que saem de forma periódica costumam faze-lo de três a quatro vezes ao ano, espaço de tempo suficiente para a elaboração de uma nova edição. Mas, como se trata de um empreendimento amador, onde não se há que seguir as regras do mercado, há certa complacência do público com instabilidade temporal do fanzine, que é compensada pela espontaneidade com que ele é feito.

Tiragem

A tiragem do fanzine pode variar de poucas dezenas de exemplares a centenas, de acordo com o número de leitores. O mais comum é que se tire 50 a 100 exemplares, mas alguns fanzines alcançaram tiragens bem maiores: Historieta, de Oscar Kern, chegou a sair com 2 mil exemplares; Notícias dos Quadrinhos, de Eduardo Ofeliano, começou com 3 mil exemplares e caiu para mil; a tiragem de Quadrix, de Worney de Souza, aumentou progressivamente – começou com duzentos e chegou a 450 exemplares[4].

Valdir Dâmaso, editor de Jornal da Gibizada, afirma que um fanzine pode ter apenas um exemplar, simplesmente para o deleite de seu criador e pela satisfação de mostrá-lo aos amigos[5]. Para o colecionador Fábio Santoro, o editor de uma publicação independente pode ou não aspirar alto: “Fazer a sua mensagem chegar às mãos dos poucos interessados por mero idealismo, necessidade de dar sua parcela de contribuição ou vaidade pura; outros desejam crescer, batalhar pela tiragem cada vez maior junto ao público, obter uma crescente penetração, rumo à popularidade”[6]. Dessa forma, a tiragem do fanzine também vai depender da intenção do editor com relação a seu produto.

Referências

Clubedelho, n° 18. Portimão, Portugal: abril de 1990.
DÂMASO, Valdir. Entrevista a Marco Muller. In Mutação, n° 8. São José do Norte, RS: janeiro de 1988.
GUIMARÃES, Edgard. In Psiu, n° 2. Brasópolis (MG): agosto de 1985.
MAGALHÃES, Henrique. O rebuliço apaixonante dos fanzines. Série Quiosque, 27, 2a. ed. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2011.
SANTORO, Fábio. Panorama atual das publicações brasileiras independentes. In Jornal da Gibizada, n° 14. Maceió:, novembro/dezembro de 1986.
SILVA, Cesar Ricardo Tomaz da. In Opinião, n° 5. Porto Alegre: junho/julho de 1988.
SOUZA, Worney Almeida de. Os bastidores dos fanzines. Entre­vista concedida a Henrique MAGALHÃES. In Marca de Fantasia, n° 3. São Paulo/Paraíba: dezembro de 1985, p. 11-18.


[1]. In Clubedelho n° 18. Portimão, Portugal: abril de 1990, p. 7.
[2]. Edgard GUIMARÃES. In Psiu, n° 2. Brasópolis, MG: agosto de 1985, p. 57.
[3]. Cesar Ricardo Tomaz da SILVA. In Opinião, n° 5. Porto Alegre: junho/julho de 1988, p. 11.
[4]. Worney Almeida de SOUZA. Os bastidores dos fanzines. Entre­vista concedida a Henrique MAGALHÃES. In Marca de Fantasia, n° 3. São Paulo/Paraíba: dezembro de 1985, p. 11-18.
[5]. Valdir DÂMASO. Entrevista a Marco Muller. In Mutação, n° 8. São José do Norte, RS: janeiro de 1988, p. 42 e 43.
[6]. Fábio SANTORO. Panorama atual das publicações brasileiras independentes. In Jornal da Gibizada, n° 14. Maceió:, novembro/dezembro de 1986, p. 3-7.

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Resumo ilustrado: Elementos do fanzine

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Exercícios

1. Ler duas edições do fanzine Regalo! e fazer resenha. O trabalho deve ser apresentado em sala de aula pra discussão.

2. A partir de uma publicação dada (Regalo!), fazer esboço da diagramação. Com os mesmos elementos dessa publicação, refazer a diagramação com nova estrutura e disposição. Fazer colagem de textos e imagens aleatórios de modo a apresentar o novo leiaute da publicação.

3. Fazer colagem de textos e imagens aleatórios sobre a diagramação de modo a apresentar o novo leiaute da publicação.

4. Edição (diagramação e paginação) digital do fanzine Regalo! n. 1 utilizando programa gráfico (Adobe InDesign ou outro).

5. Exercício para avaliação. Fazer um fanzine pessoal – ou “personalzine” – enfocando vários aspectos de sua personalidade, suas afinidades, aptidões e do meio.

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Fanzine no mundo

Por Henrique Magalhães

No início, a ficção científica era tratada como subliteratura, relegada pelos circuitos editoriais convencionais. A forma que os apreciadores desse gênero literário encontraram para divulgar seus trabalhos foi criar suas próprias publicações, editando boletins e magazines para circular entre os fãs. Em artigo publicado no fanzine Singular/Plural, R. C. Nascimento afirma que o primeiro fanzine de que se notícia foi The Comet, criado nos Estados Unidos da América em maio de 1930 por Ray Palmer, para o Science Correspondance Club. Em seguida seria lançado The Planet, em junho do mesmo ano, editado por Allen Glasser, para o The New York Scienceers. Esses, e outros fanzines surgidos na época eram publicações que tratavam exclusivamente de ficção científica ou ciência amadora.[1]

Palmer era um leitor voraz de ficção científica, mas a autoria do primeiro fanzine pode não ter sido uma obra só sua. Para Sam Moskowitz, Ray Palmer subiu na hierarquia de fãs de ficção científica por ter editado, junto com Walter Dennis, o primeiro fanzine, The Comet, em maio de 1930.[2] A importância de Palmer para o meio, no entanto, é incontestável. Além de ser um prolífico autor de ficção científica, Raymond Arthur Palmer tornou-se o influente editor da revista Amazing Stories, entre 1938 e 1949.

The Comet é amplamente reconhecido como o primeiro fanzine já publicado, que teve sua origem na correspondência entre os fãs de ficção científica. A seção de cartas tinha grande relevância no fanzine, onde os leitores discutiam questões relativas à ciência e à ficção. The Comet foi publicado por muitos anos, recebendo mais tarde o nome de Cosmology.[3]

Outros fãs seguiram a iniciativa de Palmer e criaram seus próprios fanzines, a exemplo de The Time Traveller e Science Fiction, este editado por Jerome Siegel, um dos criadores do Superman. Siegel era colaborador e se inspirou no The Time Traveller para criar sua publicação, cuja primeira saída ocorreu em 1932, em Ohio.[4]

Mort Weisinger e Julius Schwartz foram os autores do The Time Traveller, que formavam com outros fãs o grupo The Scienceers, de Nova Iorque. Inicialmente o fanzine era editado em mimeógrafo, mas sua repercussão foi tão grande que já na terceira edição sairia no padrão das revistas profissionais. Seus editores iriam se tornar figuras de destaque no mundo da ficção científica.[5]

Se não há muitas fontes para marcar a origem do fanzine, a criação do termo goza de certo consenso entre pesquisadores e editores de fanzines. O pioneirismo é atribuído a Russ Chauvenet. Em 1940 Chauvenet  foi um dos fundadores do Boston`s the Stranger Club, cujos membros eram convidados de honra da 47th World Science Fiction Convention. Foi na edição de outubro de seu boletim Detours que ele grafou pela primeira vez a palavra fanzine. Mais tarde, criaria o termo prozine, para denominar as revistas profissionais que veiculavam histórias de ficção científica.[6]

Ora produzidos por fãs, ora por grupos de fãs, os fanzines logo se diversificaram e ganharam outras abordagens. A troca de publicações e a colaboração dos leitores e correspondentes estreitaram cada vez mais o relacionamento entre os fãs. Para Nascimento, “os fanzines abandonavam quais­quer aspirações profissionais em troca de informalidade e de uma ativa participação de seus leitores. Tais características permanecem inalteradas até hoje, e distinguem os fanzines de outras publicações convencionais dedicadas aos mais variados hobbies.”[7]

O pioneirismo estadunidense serviu de exemplo para os aficionados de todo o mundo, que logo passaram a produzir seus próprios fanzines. O Reino Unido foi o primeiro a incorporar a ideia, quando Maurice Handon e Dennis Jacques iniciaram a edição de Novae Terrae, publicação da Science Fiction League. Em seguida, participariam do fanzine como editores nomes do calibre de Maurice T. Crowley, Arthur C. Clarke, William Temple e Carnell Ted. A primeira edição do fanzine saiu em março de 1936, com 10 páginas, mas cresceu rapidamente e na nona edição já trazia mais que o dobro de páginas.

A publicação tornou-se, então, o órgão oficial da Science Fiction Association. Novae Terrae saiu por 29 edições, quando Maurice Hanson passou a editoria a John Carnell, que mudou o título para New Worlds e voltou ao número 1, em março de 1939.[8] Vale lembrar que foi na Inglaterra que os fanzines tiveram grande explosão, em meados dos anos 1970, quando se tornaram porta-vozes do movimento punk.

O caráter espontâneo e anárquico dos fanzines gerou uma onda de publicações que seria de forma inevitável desordenada. Em 1960, no entanto, foi feita uma primeira tentativa de organizar essa produção dando-lhe uma feição de movimento. Nesse ano, Dick Lupoff, um dos editores do fanzine Xero, convidava os fãs a se unir e editar suas próprias publicações. Com esse apelo, surgiram tantos fanzines que se decidiu fundar a APA –  Amateur Publisher’s Association[9].

Xero foi publicado a partir de 1960 pelo casal Richard e Patricia Lupoff, em Nova Iorque. No início, era um fanzine de ficção científica mimeografado, mas logo passou a incluir temas de interesse geral, como cultura pop e quadrinhos. O grande êxito do fanzine acabou por inviabilizar sua saída, já que se tornou muito trabalho para o casal, de modo que a publicação parou em 1963. Nesse ano, Xero viria ganhar o Prêmio Hugo de Melhor Fanzine. O espaço dado aos quadrinhos em Xero tornara-o o precursor dos fanzine de História em Quadrinhos. Nele chegou a circular um suplemento com uma série de artigos sobre o tema, chamado All in color for a dime, editado por Richard Lupoff, logo acompanhado por Don Thompson.[10]

No início dos anos 1960, a revista francesa Fiction trazia uma série de artigos sobre quadrinhos, que fomentaram a ideia de se criar um clube reunindo os aficionados no gênero. Daí surgiu Giff-Wiff, primeiro fanzine francês de histórias em quadrinhos, lançado em julho de 1962. Para Jean-Michel Ferragatti, a chegada de Jacques Sadoul ao clube iniciaria a análise crítica aos quadrinhos, que não pararia mais, seja por intermédio dos fanzines, dos livros especializados ou de publicações profissionais sobre toda forma de suporte.[11]

Giff-Wiff era o boletim do Club des Bandes Dessinées, que viria se transformar no Centre d’Etudes des Littératures d’Expression Graphique, promovendo a criação de associações satélites na Suíça, Espanha e Bélgica. De mero boletim, Giff-Wiff logo se tornou luxuosa revista reunindo intelectuais da importância de Francis Lacassin, Remo Forlani e Alain Renais. A revista durou 23 números, dando sequência a Phénix, revista internacional de HQ. Ao lado de Phénix, outro pioneiro dos fanzines franceses foi Sphinx, voltado para estudos sistemáticos dos grandes nomes das HQ[12].

Em 1964 surge Zine-Zone, editado por José Fayos, que mantinha forte ligação com os fanzines estadunidenses e do Reino Unido. O Zine-Zone foi responsável pela divulgação na França, entre outros, de Comic Crusader e Witzend, dois dos maiores fanzines dos Estados Unidos da América. Comic Crusader era produzido por Martin Greim e publicava os trabalhos de Steve Ditko, que criaria, juntamente com Stan Lee, o personagem Homem Aranha. Já Witzend tinha a mão do escritor e artista Wallace Wood, voltava-se aos quadrinhos underground, publicando a contribuição de profissionais das HQ, ilustradores e novos artistas.[13]

Também em 1964, Jacques Glénat lança Schtroumpf, no início um boletim de 16 páginas voltado para a crítica e atualidade dos quadrinhos. Em seguida, transformou-se numa revista com aspecto profissional trazendo desenhos inéditos e dossiês de autores como Hergé, Dupuis, Graenhals e Cuvelier. Schtroumpf divulgava os fanzines de vários países, reeditava os clássicos europeus e atingia um vasto público, organizando encontros com autores.

Os clubes de quadrinhos se expandiram por toda a França e com eles os boletins, ou fanzines. Os anos 1970 viram surgir Krukuk, Zinograph, Alfred, Underground Comics, Comics e Loesh, em geral com aparência e qualidade de revistas especializadas. Por outro lado, os fanzines mais artesanais também eram produzidos, a exemplo de Sammy e Biblipop, que chegavam a ser colo­ridos a mão.

A importância dos fanzines franceses pode ser conferida no pioneirismo de sua documentação. Em setembro de 1989 Didier Bourgoin cria um verdadeiro templo dedicado aos fanzines, a Fanzinothèque de Poitiers. A fanzinoteca é a primeira do gênero na Europa e reúne, entre outros, fanzines gráficos, de histórias em quadrinhos e de rock. O objetivo de Didier é catalogar, conservar e fazer a promoção desse gênero de publicação.

A França é notória por abrigar grandes fanzines, a exemplo de PLGPPUR (Plein La Gueule Pour Pas Un Rond) e Bulles Dingues! O PLG era editado em Montrouge, nos arredores de Paris, por Philippe Morin e companheiros. Já Bulles Dingues! era produzido em Grenoble, sob a coordenação de Michel Jans. Como é comum nesse país, muitos fanzines são editados por associações de estudo e promoção das histórias em quadrinhos, como foi o caso desses dois.

Os fanzines franceses têm seu destaque no aprimoramento da apresentação e do texto jornalístico. Além de dossiês e entrevistas exaustivas sobre os autores de HQ, eles contam com impressão sofisticada e utilizam cores nas capas e em algumas páginas internas. O perfil documental e inovador dos fanzines na França é reconhecido pela oficialidade, que apoia as melhores publicações por intermédio do Centre National des Lettres.

A história dos fanzines em Portugal é curiosa. Em setembro de 1944, José Garcês lançaria O Melro, uma pequena revista com quatro páginas e um único exemplar, que coloria à mão e alugava para leitura. Esta publicação – se assim podemos chamá-la – teve 21 edições. Em 1945, O Melro voltaria a ser editada, dessa vez em litografia, com 50 exemplares impressos pelo próprio Garcês. Nesta fase a re­vista tinha também quatro páginas e continuava sendo colo­rida à mão, à medida que era vendida.

Dessa segunda série foram editados apenas três números. No entanto, o fato de ter sido produzida com tiragem superior a um exemplar transformou a publicação de mera edição pessoal numa outra categoria. O Melro ganharia o status de primeiro fanzine português de quadrinhos[14].

A década de 1970 trouxe uma grande movimentação no meio dos fanzines em Portugal, embora todos de curta duração. Dessa safra tivemos Yellow Kid, Quadrinhos, Aleph, Impulso, Hic!, O Estirador, Ploc e Copra. Ploc divulgava, além da produção portuguesa, a HQ inter­nacional, com artigos sobre os quadrinhos franceses e brasileiros. Destacou-se, ainda, Quadradinhos, editado por Vasco Granja, como suplemento do jornal A Capital.[15]

Alguns fanzines portugueses alcançaram marcas notáveis, a exemplo de Protótipo e Boletim. Este era o veículo informativo do Clube Português de Banda Desenhada, fundado em 1976.[16] Fanzine de fôlego, Boletim foi lançado em 1977 e chegou a ter mais de oitenta edições.

Os anos 1980 foram prolíficos para os fanzines portugueses, com publicações sendo lançadas em todo o país. Dessa época temos Comicarte, Hyena, Ruptura e Original, cujo número 1 foi lançado em Portimão por Fernando Vieira e Francisco Gil. A destacar também os ótimos fanzines Eros, Dossier Top Secret, Cruzeiro do Sul, Clubedelho, Nemo e Banda, todos com muitos quadrinhos e textos.

Banda, editado por Rui Brito, João Simões e Jorge Deodato, ganhou quatro troféus Mosquito como melhor fanzine português. O crítico Fernando Vieira também o considera como um dos melhores da fanedição portuguesa.[17] Da mesma forma, Nemo, de Manuel Caldas, um apaixonado pelo trabalho de Winsor McCay e seu Little Nemo in Slumberland, ganhou o prêmio de melhor fanzine, outorgado pelo Clube Português de Banda Desenhada.

Outro que alcançou grande projeção foi Ritmo, boletim do Grupo de Admiradores da Banda Desenhada do Núcleo da Casa de Cultura da Juventude de Faro. Ritmo procurava estimular a produção de HQ portuguesa e divulgar os novos autores. Lançado em 1981, alcançou 51 edições e chegou a ter 600 assinantes, marcas consideráveis no contexto dos fanzines.

A difusão cada vez maior dos fanzines pelo mundo levou a se pensar em formas de troca e integração. Fernando Vieira, que assinava a coluna “Bedelho”, no jornal Barlavento, de Portimão, Portugal, foi autor de uma bem sucedida proposta de intercâmbio entre os editores portugueses, brasileiros e espanhóis, de forma mais intensa, além de outras nacionalidades. A ideia foi lançada em 1989 e ganhou receptividade imediata dos autores brasileiros, que chegaram a publicar seus trabalhos em vários fanzines europeus.

Os primeiros fanzines belgas eram dedicados à ficção científica. Foram os belgas correspondentes dos fanzines estadunidenses já nos anos 1950, por intermédio de Jan Jansen, que chegou a criar o The Alpha Club. Em 1966, Michel Grayn, um dos pioneiros dos fanzines belgas, criou o fanzine Atlanta, que se transformou em publicação profissional. Foi iniciativa de Grayn a fundação da Associação Européenne de Littérature Parallele.

Os quadrinhos na Bélgica também tiveram seus fanzines, cujo mais antigo e conhecido foi Ran-tan-plan (do nome do cachorro de Lucky Luke), editado por André Leborgne para o Clube des Amis de la Bande Dessinée. Ran-tan-plan mais parecia uma revista profissional, com artigos, entrevistas, dossiês e reedições de HQ. Outra publicação interessante foi Bande Dessinée 70, que era um boletim mensal de crítica às publicações profissionais, como Spirou, Tintin, Pif e Pi­lote.

Ainda na Bélgica, no final de 1989, o Clube Bob Morane lança um boletim bimestral em complemento à revista Reflects, dirigida à obra do escritor Henri Vernes. O boletim promovia o intercâmbio dos livros e álbuns com as aventuras da personagem Bob Morane.[18]

Na Holanda os fanzines se dedicavam aos quadrinhos nacionais, sendo Stripschrift, que chegou a sair em cores, um dos mais representativos. Tiveram presença marcante também Lambiek, Comindex, Heck Meck, Ora Pannera e Witzend, este um excelente boletim editado pela Real Free Press, sob os cuidados de Wallace Wood.[19] Zozolala, no final dos anos 1980, chegava à marca excepcional de sete mil exemplares por edição, distribuídos gratuitamente. A cada número, Zozolala se dedicava à obra de um autor, além de recensear o mercado editorial holandês e estadunidense.

Na Alemanha e na Suécia predominaram os fanzines de ficção científica, editados por clubes de aficionados. Entre os alemães notamos Ast Information, SF World Actuell, Stellar, Andromeda, SF Times, Merkur; dos suecos destacam-se Dast Magazine, Degler e Trimebean. Para Fernando Vieira, um dos melhores fanzines suecos e mesmo europeus foi Bild & Bubbla, editado por Per Andersson. A base desse fanzine era de entrevistas, artigos e comentários sobre a produção de quadrinhos estadunidenses, atualidades norueguesas e dinamarquesas.[20]

O Grupe d’Etude des Littératures Dessinées, da Suíça, editou o fanzine Comi­cus Bouquinus. Da Suíça registramos ainda Swiss SF e Dernière Minute, impecáveis fanzines com artigos, HQ de amadores e entrevistas. Dentre os fanzines italianos encontram-se Fantascienza Minore, Comics Club e Comics World, além dos boletins publicados pela ANAF, organização oficial de HQ.

Vem da Espanha uma das mais intensas produções de fanzines. Luis Gasca, renomado especialistas em quadrinhos, lançou Cuto, “Boletín español del comic”, órgão oficial do Centro de Expresión Gráfica de San Sebastián. O primeiro número saiu em maio de 1967, dedicado ao personagem Rip Kirb.[21] Outros, dedicados à ficção científica e HQ foram Ad Infinitum e Cyborg, editados por jovens fãs. Nos anos 1980 tivemos El Rey Del Auto­pista e Solo para Locos. Também importantes são Heroes de la Calle e El Boletín, este último repleto de entrevistas, artigos e várias seções dirigidas aos colecionadores, como troca e venda de revistas e fanzines. No Japão, Osamu Tezuka, criador do personagem Astro Boy, editava COM, um volumoso fanzine de trezentas páginas com artigos sobre quadrinhos e FC.[22]

Os argentinos e paraguaios fizeram, ainda que discretamente, seus fanzines chegar ao Brasil por intermédio do inter­câmbio entre editores ou venda em livra­rias especializadas. Para Worney de Souza, a produção desses países está de certa forma ligada ao meio editorial brasileiro: “O engraçado é que os fanzines argentinos e paraguaios falam do material que é produzido no Brasil, falam dos fanzines brasileiros. Tinha um fanzine argentino que falava de Rodolfo Zalla, só que a maior parte da produção de Zalla foi feita no Brasil.”[23]

Os Estados Unidos da América continuam sendo o grande celeiro dos fanzines. Foi lá onde as HQ, de forma mais expressiva, se transformaram, desde o início, em cultura de massa. A quantidade de fanzines editados nesse país é enorme e seria impossível enumerar todos. Dentre tantos que se dedicavam aos quadrinhos e à ficção científica podemos citar Assorted Superlative, Cartoon, Graphic Story World e Graphic Story Magazine, com entrevistas de grandes autores, trabalhos de jovens desenhistas e mesmo capas de personalidades, a exemplo de Hal Foster. Já On The Drawing Board era o boletim oficial da Academy of Comic Book Fans and Collector, sobre atualidades das HQ norte-americanas. ERB era consagrado à obra de Edgar Rice Burroughs. Notemos ainda Vanguard, de Nova Iorque, The Il­lustrated Comic Colector’s Hand Book, de Miami, e The World of Comic Art, da Califórnia.[24]

No Brasil, algumas tentativas foram feitas de se colocar revistas especializadas no mercado, mas que não encontraram um público numeroso para garantir o retorno da produção. Os fanzines, portanto, continuam sendo o espaço de informação e crítica dos leitores.

Por outro lado, na Europa e nos Estados Unidos, dado às condições econômicas favoráveis e o interesse do público, há a edição simultânea de fanzines e publicações reflexivas profissionais dirigidas aos quadrinhos. Mui­tos fanzines pare­cem mesmo revistas especializadas. Eles deixam de ser boletins de fãs ou publicações amadoras para se tornar semiprofissionais, atendendo à faixa de mercado de colecionadores.

Referências

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http://en.wikipedia.org/wiki/Russ_Chauvenet. Em 06/03/12.
http://en.wikipedia.org/wiki/Witzend. Em 13/03/12.
http://www.comicbox.com/index.php/articles/french-collection-4/. Em 12/03/12.
http://zinewiki.com/Novae_Terrae. Em 12/03/12.
http://zinewiki.com/Science_Fiction. Em 11/03/12.
http://zinewiki.com/The_Comet. Em 11/03/12.
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http://zinewiki.com/Xero. Em 12/03/12.
LINO, Geraldes.  Fanzines em retrospectiva. In  Selecções BD n° 5. Lisboa: Meribérica/Liber, setembro 1988.
MOSKOWITZ, Sam; SANDERS, Joe. The Origins of Science Fiction Fandom: A Reconstruction. Science Fiction Fandom. Westport, CT: Greenwood Press, 1994. Citado em http://en.wikipedia.org/wiki/Raymond_A._Palmer. Acessado em 11/03/12.
Notícias dos Quadrinhos n° 1. Rio de Janeiro: janeiro 1984.
PFISTER, Thierry. A imprensa ‘underground’: um bom negócio. In Folha de S. Paulo. São Paulo: 20 de maio de 1975.
PolítiQua n° 6. Carlos Barbosa, RS: fevereiro de 1986.
R. C. NASCIMENTO, R. C. Afinal, o que é fanzine?. In Singu­lar/Plural n° 3. São Luís: outubro 1988.
SOUZA, Worney Almeida de. Entrevista concedida a Henrique MAGA­LHÃES. São Paulo: 10 de dezembro de 1987.
VIEIRA, Fernando. Bedelho. In Barlavento n° 667. Por­timão, Portugal: 12 de outubro de 1989.
VIEIRA, Fernando. Bedelho. In Barlavento n° 668. Portimão, Portugal: 19 de outubro de 1989.
VIEIRA, Fernando. Bedelho. In Barlavento n° 670. Portimão, Portugal: 2 de novembro de 1989.
Viñetas: http://navarrobadia.blogspot.com/2011/07/cuto-boletin-espanol-del-comic-n1-mayo.html. Em 12/03/2012.


[1]. R. C. NASCIMENTO. Afinal, o que é fanzine?. In Singu­lar/Plural n° 3. São Luís: outubro 1988, p. 12-14.
[2]. Moskowitz, Sam; Joe Sanders. The Origins of Science Fiction Fandom: A Reconstruction. Science Fiction Fandom. Westport, CT: Greenwood Press, 1994. pp. 17–36. Citado em http://en.wikipedia.org/wiki/Raymond_A._Palmer. Em 11/03/12.
[3]. http://zinewiki.com/The_Comet. Em 11/03/12.
[4]. http://zinewiki.com/Science_Fiction. Em 11/03/12.
[5]. http://zinewiki.com/The_Time_Traveller. Em 11/03/12.
[6]. http://en.wikipedia.org/wiki/Russ_Chauvenet. Em 06/03/12.
[7]. R. C. NASCIMENTO. Afinal, o que é fanzine?. In Singu­lar/Plural n° 3. São Luís: outubro 1988, p. 12-14.
[8]. http://zinewiki.com/Novae_Terrae. Em 12/03/12.
[9]. J. GLÉNAT-GUTTIN. In Grilo n° 24. São Paulo: 21 de março de 1972.
[10]. http://zinewiki.com/Xero. Em 12/03/12.
[11]. http://www.comicbox.com/index.php/articles/french-collection-4/. Em 12/03/12.
[12]. Thierry PFISTER. A imprensa ‘underground’: um bom negócio. In Folha de S. Paulo. São Paulo: 20 de maio de 1975.
[13]. http://en.wikipedia.org/wiki/Witzend. Em 13/03/12.
[14]. Geraldes LINO.  Fanzines em retrospectiva. In  Selecções BD n° 5. Lisboa: Meribérica/Liber, setembro 1988, p. 6.
[15]. PolítiQua n° 6. Carlos Barbosa, RS: fevereiro de 1986, p. 6.
[16]. Notícias dos Quadrinhos n° 1. Rio de Janeiro: janeiro 1984, p. 17.
[17]. Fernando VIEIRA. Bedelho. In Barlavento n° 667. Por­timão, Portugal: 12 de outubro de 1989, p. 15.
[18]. Fernando VIEIRA. Bedelho. In Barlavento n° 668. Portimão, Portugal: 19 de outubro de 1989, p. 15.
[19]. José Ronaldo LIMA. In Uai n° 1. Belo Horizonte: s/d.
[20]. Fernando VIEIRA. Rubrica Bedelho. In Barlavento n° 670. Portimão, Portugal: 2 de novembro de 1989, p. 15.
[21]. Viñetas: http://navarrobadia.blogspot.com/2011/07/cuto-boletin-espanol-del-comic-n1-mayo.html. Em 12/03/2012.
[22]. José Ronaldo LIMA. In Uai n° 1. Belo Horizonte: s/d.
[23]. Worney Almeida de SOUZA. Entrevista concedida a Henrique MAGA­LHÃES. São Paulo: 10 de dezembro de 1987.
[24]. José Ronaldo LIMA. In Uai n° 1. Belo Horizonte: s/d.

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Veja o resumo ilustrado: Fanzine no mundo

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Regalo! 2

Regalo! n. 2, dedicado a Luzardo Alves

Regalo! é um fanzine especial, para um público extraordinário. Não é comum a edição de um fanzine exclusivamente para ser aplicado em sala de aula, mas é esse o propósito desta publicação.

Regalo! é um instrumento de diálogo com os alunos da disciplina Fanzines e HQtrônicas, do Curso Comunicação em Mídias Digitais da UFPB.
Este número é dedicado a Luzardo Alves, um dos artistas mais singulares dos quadrinhos e do humor paraibanos, com quem temos muito a aprender e nos inspirar.

As páginas do fanzine estão intercaladas no formato brochura. Para melhor visualização, baixe o arquivo pdf e imprima as páginas frente e verso na sequência: páginas 1-12 com 2-11, 3-10 com 4-9, 5-8 com 6-7. Dobre-as ao meio, corte com estilete e régua nas pinças e você terá sua publicação.

baixe o fanzine: regalo-02

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Regalo! 1

Capa do fanzine Regalo! n. 1

Em 2009 criei o fazine Regalo! para presentear os alunos com esse gênero de publicação. Para muitos, seria o primeiro contato com um fanzine, que poderia servir de inspiração e motivação para a criação de seu próprio boletim. Embora simples e com poucas páginas, Regalo! serve como instrumento didático tanto para a disciplina Fanzine e HQtrônicas, do Curso Comunicação em Mídias Digitais, como para várias outras disciplinas, a exemplo de Laboratório de Pequenos Meios, do Curso Comunicação Social – Jornalismo.

As páginas do fanzine estão intercaladas no formato brochura. Para melhor visualização, imprima as páginas frente e verso seguindo a sequência: páginas 1-8 com 2-7, 3-6 com 4-5. Dobre-as ao meio e você terá sua publicação.

Veja a edição em pdf: regalo-01

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Fanzine – Definição

Por Henrique Magalhães

A origem dos fanzines traz a imprecisão própria às coisas efêmeras e espontâneas, quando não se tem um propósito fundante de um novo tipo de publicação. Para R. C. Nascimento, articulista do fanzine Singular/Plural, o fanzine surgiu na década de 1930, nos Estados Unidos, com as publicações amadoras de ficção científica, no entanto, esta denominação só foi criada em 1941, por Russ Chauvenet. Pensou-se também numa palavra como fanmag, a partir de fan e magazine, que não teve a mesma aceitação[1].

É bem provável que boletins amadores dedicados a essa expressão literária, então considerada como um subgênero, circulassem entre seus fãs mais ardorosos, mesmo com toda a dificuldade de produção e impressão. O boletim também serviria, além do contato interpessoal e da veiculação de notícias, ao exercício de criação de novos autores, alijados do mercado editorial.

Contudo, há certo consenso sobre o pioneirismo de Russ Chauvenet na criação do termo fanzine. Segundo vários blogs e fanzines, em 1940 Chauvenet  foi um dos fundadores do Boston`s the Stranger Club, cujos membros eram convidados de honra da 47th World Science Fiction Convention. Ele foi ainda cofundador da National Fantasy Fan Federation e era membro do primeiro Fandom. Teria sido Russ Chauvenet o criador da palavra fanzine, na edição de outubro de seu boletim Detours. Mais tarde, criaria o termo prozine, para denominar as revistas profissionais que veiculavam histórias de ficção científica. Por muitos anos, Chauvenet foi membro do Fantasy Amateur Press Association (FAPA)[2].

O termo fanzine é um neologismo formado pela contração de fanatic e magazine, do inglês, que significa magazine do fã. Trata-se de uma publicação independente e amadora, quase sempre de pequena tiragem, impressa em mimeógrafo, fotocopiadora, impressora laser ou mesmo em offset. Para sua edição, conta-se com fãs individuais, grupos, associações ou fã-clubes de determinada arte, personagem, personalidade, hobby ou gênero de expressão artística, para um público dirigido, podendo abordar um único tema ou vários.

Criado no meio independente e restrito dos aficionados, o termo fanzine ganhou força e foi incorporado à língua portuguesa, sendo utilizado também em textos jornalísticos. Por outro lado, ainda não é comum encontrá-lo em enciclopédias, dicionários, catálogos e fichários das bibliotecas. Para a grande imprensa, os fanzines são jornais amadores, impressos em fotocópias a partir de uma matriz datilografada e composta artesanalmente, e que, se a princípio tratavam apenas dos ídolos do mundo da música punk e do rock, à medida que se proliferam, ampliam seu leque de temas[3].

O colecionador Fábio Santoro considera os fanzines como veículos livres de qualquer censura. Neles seus autores divulgam o que querem, pois não estão preocupados com grandes tiragens nem com lucro; portanto sem as amarras do mercado editorial e de vendagens crescentes[4].

Uma das características mais importantes dos fanzines é que seus editores se encarregam de todo o processo de produção. Desde a concepção da ideia até a coleta de informações, a diagramação, a composição, a ilustração, a montagem, a paginação, a divulgação, a distribuição e venda, tudo passa pelo domínio do editor. Em muitos casos, até mesmo a impressão é feita pelo editor, que aprende a lidar com o produto jornalístico de uma forma global. O controle de todo o processo editorial, embora exija mais tempo e habilidade, dá ao editor maior liberdade de criação e execução da ideia.

A edição de um fanzine, sem dúvida, é uma atividade muito prazerosa, mas exige também muito trabalho e dedicação. Por este motivo, os fanzines são comumente esporádicos, quase sempre variam o número de páginas e a tiragem, que depende do fluxo e demanda de seu público. Não existem regras para a produção do fanzine; ele depende da disponibilidade de tempo, do material a ser editado, do orçamento e da dedicação do editor.

A falta de periodicidade dos fanzines os torna publicações efêmeras; a maioria deles não consegue estabelecer uma concepção editorial clara que lhe proporcione o fortalecimento e amadurecimento da publicação. Uma das razões para essa inconstância é seu caráter amador, seus editores não sobrevivem da edição. Os fanzines são uma atividade paralela, dentro do pouco tempo livre que lhes sobra. As dificuldades de encontrar novas informações, os custos sempre crescentes e o considerável trabalho que é organizar uma nova edição são também fatores responsáveis pela demora e, não raro, pela extinção de mui­tos fanzines.

A circulação por intermédio de um sistema de troca e venda pela via postal é muito favorável aos fanzines. Por este meio eles cheguem não só a todas as partes do país como também atinjam outros lugares do mundo.

Numa edição de final de ano, Armando Sgarbi, editor do fanzine O Pica-Pau, apresenta uma curiosa inversão do conceito, definindo fanzine como sendo “um magazine personalizado, com as coisas do agrado do editor que, eventualmente altruísta, o divulga entre os amigos (quando a grana dá, coisa rara). O Natal é, desde o ad­vento da comercialização desbragada, um verbete dos mais execráveis, a meu ver, daí que a gente fazendo uma publicação sobre tal assunto só poderia chamá-la de desfanzine (…)”[5].

Muitos termos surgiram derivados de fanzine, em particular nos Estados Unidos da América: Fandom é o nome dado ao conjunto dos fanzines e dos faneditores; faneditor é o sujeito responsável pela edição do fanzine; fanzinoteca passou a ser uma coleção de fanzines. Amazines é como são chamados os fanzines voltados para as histórias em quadrinhos de super-heróis ou terror. Profanzines são as publicações feitas por profissionais de histórias em quadrinhos, parecidas com as revistas especializa­das. Por outro lado, os adzines são os que publicam listas de coleções de quadrinhos para venda ou troca[6].

Para muitos editores e leitores há, na verdade, muita divergência na definição do que é fanzine, embora, de forma intuitiva, todos saibam que estão fazendo ou lendo um produto diferente de uma revista comercial. Como afirma o quadrinhista Joacy Jamys, não importa o conteúdo apresentado, a forma de impressão ou a qualidade profissional, o fanzine não passa de uma re­vista marginal[7].

E é justamente a partir dessa concepção de marginalidade que alguns editores e leitores discutem o conceito de fanzine. Eles procuram encontrar um termo comum que caracterize o que é realmente um fanzine. A dúvida é se o fanzine tem uma identidade própria ou pode vir a ser qualquer revista alternativa ou independente.

Fanzine x revista alternativa

Com a disseminação do termo, há quem considere fanzine qualquer publicação alternativa ligada a arte. Para isto, basta que ela seja independente (editada fora do mercado), circule pelos correios ou de mão em mão e trate de assuntos de pouco interesse para a imprensa comercial.

Em Brusque, SC, Luis e Cláudia Bia editaram o tabloide alternativo Contracorrente, que em outros tempos seria classificado como jornal nanico, mas era mesmo chamado de fanzine. O certo é que Contracorrente tinha todas as características de um fanzine: veiculava essencialmente artigos, informações sobre rock, ecologia, quadrinhos, literatura, arte-postal e uma coluna de comentários sobre fanzines. Este é um caso típico de imprensa alternativa especializada, que proliferou no início da década de 1980, e que apresentava muitas características dos fanzines[8].

O termo fanzine foi assimilado pela música brasileira em 1989. Nesse ano, o grupo de rock Hanoi Hanoi jogou nas rádios seu protesto contra a sociedade massificada, numa apologia ao anarquismo, pregando que as palavras de rebeldia deviam ser impressas em “fanzines de papel xerox”. A música Fanzine, de A. Brandão e T. Paes, diz que um dia as palavras não vão mais deslizar pela boca, mas circular pelos fanzines, como a “nova onda, novo papo, novo abc”.

Outro exemplo da utilização do termo foi sua veiculação em letras garrafais como título da revista da casa noturna paulistana Madame Satã, em meados da década de 1980. Assim como os frequentadores da casa, a revista Fanzine, de excelente qualidade gráfica, representava a vanguarda dos costumes e da moda da sociedade local. Fanzine misturava ilustrações e artigos sobre música, quadrinhos e personalidades, tudo numa linguagem pretensiosa e arrogante.

A utilização do termo fanzine como título da revista não deixaria de soar estranho, assim como um jornal que se chamasse simplesmente Jornal, mas tinha o charme da novidade. Fanzine, da casa Madame Satã, serviu ao menos para a difusão desse termo entre um público alheio ao que se passava na imprensa subterrânea, ou alternativa.

O conceito de fanzine apresenta-se com­plexo no que toca a sua abrangência e limites. Assim como revista alternativa, ou de forma mais ampla, imprensa alternativa, gerou inúmeras definições a partir de diferentes pontos de vista, a mesma dificuldade encontra-se na definição de fanzine, já que não existe consenso nem mesmo entre os editores desse tipo de publicação.

É certo considerarmos fanzine como imprensa alternativa: sua produção é independente, sua linguagem discursiva e gráfica procura ser inovadora e apresenta conteúdo, quando não contestador, ao menos voltado para assuntos pouco abordados pela grande imprensa. O editor Worney Almeida de Souza afirma que “é nos fanzines que circulam as informações que os aficionados por quadrinhos, música, poesia, não encontram nas revistas, nos livros e nos jornais institucionalizados”[9].

Outros editores já consideram o fanzine como uma publicação independente, mas não alternativa. Ela seria independente do meio comercial, da imprensa empresarial voltada para o lucro, mas não seria uma alternativa a esta, porque não estaria lhe fazendo concorrência nas bancas de revistas.

O maior problema é definir fanzine como gênero ou categoria de publicação. O fanzine, por vezes, confunde-se com as revistas alternativas pelo modo de produção, pela forma de circulação e pela apresentação. Mas, diferencia-se destas pelo conteúdo.

O fanzine apresenta-se como um boletim, veículo em essência in­formativo, como órgão de fã-clubes ou de aficionados. Ou seja, a matéria prima do fanzine é a informação, na forma de artigo, entrevista, notícia ou matéria jornalística.

Na revista alternativa encontramos a produção artística propriamente dita: contos, poesias, ilustrações, quadrinhos etc. A partir dessa concepção, o fanzine é o veículo da notícia, dos comentários, da reflexão e a revista é o portfólio, que apresenta os novos artistas e veicula trabalhos que não encontram espaço nas publicações comerciais.

Para citar um exemplo relativo aos quadrinhos, nos anos 1970 tivemos o lançamento de várias publicações alternativas, como Balão e Capa, que veiculavam charges e quadrinhos sem apresentar quase nenhuma matéria textual. Para Worney de Souza, “a apresentação delas pode ser que pareça um fanzine, mas é uma revista alternativa. No caso dessas revistas, elas têm um encaixe histórico determinado. Naquele tempo, havia jovens desenhistas amadores ou semi-profissionalizados que não tinham es­paço para publicar, então a única alternativa era, através do centro acadêmico, imprimir o material que não conseguiam publicar nas grandes editoras. Eram revistas alternativas, onde existem muito poucos artigos falando sobre quadrinhos, ou quase nada. Na verdade, era uma forma de iniciarem a profissionalização”[10].

Alguns fanzines vão buscar na imprensa comercial a matéria-prima para sua edição. São o que poderíamos chamar de dossiês, uma vez que divulgam tudo o que já foi publicado, por exemplo, sobre determinado autor ou personagem de quadrinhos. Worney  reforça que “nestes casos, já não seriam nem fanzines, porque apenas se reproduz o que a grande imprensa fez, não se está produzindo nada, é um álbum de recortes… A forma é fanzine, mas o conteúdo não”[11].

Contudo, se a mera cópia do que já foi publicado pela grande imprensa descaracteriza o fanzine como veículo original, é por meio desse tipo de publicação que muitos leitores espalhados pelo país tomam conhecimento dessas informações. Nesse caso, o fanzine tem o papel de preservar a memória de fatos e opiniões publicados, numa espécie de dossiê que a grande imprensa não tem interesse em fazer.

Da mesma forma que há pontos de ligação entre a imprensa alternativa e a grande imprensa, encontramos pontos de convergência entre os fanzines e as re­vistas da imprensa comercial, ou mesmo entre os fanzines e as revistas alternativas. A discussão se resume na constatação de que tanto os fanzines apresentam elementos das revistas (produção artística) como as revistas trazem elementos dos fanzines (matérias jornalísticas). O conteúdo, o objetivo, a forma de produção e o espaço maior ou menor dado a esses elementos é que vão determinar o caráter da publicação.

Referências

Grilo n° 24. São Paulo: 21 de março de 1972.
http://en.wikipedia.org/wiki/Russ_Chauvenet, em 06/03/12.
JAMYS, Joacy. O que é mesmo um fanzine? In Legenda n° 14. São Luís: agosto 1987.
Maudito fanzine. In Animal n° 2. São Paulo: s/d.
NASCIMENTO, R. C. Afinal, o que é fanzine? In Singular/Plural n° 3. São Luís: outubro 1988.
Novas notícias no xerox. In Istoé. São Paulo: 16 de setembro de 1987.
SANTORO, Fábio. Panorama atual das publicações brasileiras independentes. In Jornal da Gibizada n° 14. Maceió: novembro/dezembro de 1986.
SGARBI, Armando. In O Pica-Pau, edição de fim de ano. Rio de Janeiro: dezembro 1984.
SOUZA, Worney Almeida de. Entrevista com Henrique MAGA­LHÃES. São Paulo, 10 de dezembro de 1987.


[1]. R. C. NASCIMENTO. Afinal, o que é fanzine? In Singular/Plural n° 3. São Luís: outubro 1988, p.12 e 13.
[2] . http://en.wikipedia.org/wiki/Russ_Chauvenet, em 06/03/12.
[3]. Novas notícias no xerox. In Istoé. São Paulo: 16 de setembro de 1987, p.42.
[4]. Fábio SANTORO. Panorama atual das publicações brasileiras independentes. In Jornal da Gibizada n° 14. Maceió: novembro/dezembro de 1986.
[5]. Armando SGARBI. In O Pica-Pau, edição de fim de ano. Rio de Janeiro: dezembro 1984, p. 4.
[6]. In Grilo n° 24. São Paulo: 21 de março de 1972.
[7]. Joacy JAMYS, … O que é mesmo um fanzine? In Legenda n° 14. São Luís: agosto 1987, p. 15.
[8]. Maudito fanzine. In Animal n° 2. São Paulo: s/d, p.34.
[9]. Worney Almeida de SOUZA. Entrevista com Henrique MAGA­LHÃES. São Paulo, 10 de dezembro de 1987.
[10]. Idem.
[11]. Idem.
……………………..
Veja os slides com o resumo do artigo: Fanzine-definiçãoFanzinexrevista

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Fanzines e HQtrônicas

Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Mídias Digitais

Fanzines e HQtrônicas

Curso: Comunicação em Mídias Digitais
Código da disciplina: 1414081
Período: 2012.1 – Créditos: 4 (60 horas)
Horário: 2a e 4a feira, 13-15h.
Professor responsável: Henrique Magalhães

Ementa: Os fanzines como mídia independente; gêneros de fanzines e sua diversidade expressiva; a mutação dos fanzines para as mídias digitais: os e-zines; HQtrônicas: Histórias em Quadrinhos em mídias digitais, projetos em mídias digitais.

Objetivos
Gerais:
Definir fanzine e explorar suas diversas formas de apresentação e modos de produção; analisar as Histórias em Quadrinhos digitais.

Específicos:
Traçar a trajetória dos fanzines desde sua origem à atualidade, com ênfase na ocorrência de sua produção nacional.
Apresentar o fanzine como uma forma de comunicação dirigida, independente e autoral que possibilita a liberdade de expressão e intermediação comunitária.
Mostrar a diversidade expressiva do fanzine em sua apresentação textual e gráfica.
Estimular a criatividade dos alunos por meio da experimentação de modos de expressão e produção tendo como objeto a realização de fanzine impresso e digital.
Propor a investigação sobre a adaptação das Histórias em Quadrinhos para os meios digitais observando o conceito de HQtrônicas e outros processos experimentais.

Conteúdo programático

Unidade 1
1. Apresentação e discussão do programa.
2. Definição de fanzine.
3. Origem e história do fanzine.
4. Precursores dos fanzines no Brasil: revistas alternativas.
5. Os fanzines no Brasil. Fase 1, da origem a expansão.
6. Os fanzines no Brasil. Fase 2, da expansão à crise.
7. A nova onda dos fanzines.
8. A mutação radical dos fanzines.
9. Fanzine na atualidade.
10. Exercício para avaliação: produção de artigo sobre fanzine.

Unidade 2
1. Gêneros de fanzine.
2. Expressões gráfico-textuais do fanzine.
3. Personalzine (biograficzine).
4. Modo de produção: a escolha do sujeito.
5. Modo de produção: formas de impressão (mimeógrafo, fotocópia, impressão à laser).
6. Modo de produção: projeto gráfico.
7. Modo de produção: editoração.
8. Modo de produção: manufatura e acabamento.
9. Modo de produção: estratégias de difusão.
10. Exercício para avaliação: edição de fanzine.

Unidade 3
1. Ezine: definição.
2. Adaptação do fanzine impresso para o ezine utilizando os recursos das mídias digitais.
3. A linguagem da História em Quadrinhos.
4. HQtrônicas: a obra de Edgar Franco.
5. Charge e cartum animados.
6. Outras experimentações com quadrinhos digitais.
7. Exercício para avaliação: adaptação de fanzine impresso para o meio digital.

Metodologia

Aulas expositivas com apresentação audiovisual (slide, vídeo). Leitura e análise de textos complementares ao conteúdo programático. Proposição de exercícios de produção textual e editorial de fanzines e ezines.

Critérios de avaliação

Serão aplicados três exercícios de avaliação, que ocorrerão no final de cada unidade. Cada exercício valerá até 10 pontos, sendo a nota final a média dos três exercícios. O primeiro exercício será individual, os demais serão em dupla ou grupo de até quatro pessoas. A assiduidade e participação nas aulas contarão na avaliação dos exercícios. Segundo o regulamento, só serão tolerados até 25% de ausência às aulas.

Exercício 1 (individual): Redação de artigo com seis a dez páginas sobre fanzine abordando sua trajetória histórica, sua expressão local ou um estudo de caso.

Exercício 2 (dupla ou grupo): Edição de fanzine de 12 páginas no formato A5 (ou volume e formato proporcionalmente equivalentes). Criação de estratégia de difusão.

Exercício 3 (dupla ou grupo): Adaptação do fanzine impresso editado para o formato digital.

Referências

FRANCO, Edgar Silveira. HQtrônicas: do suporte papel à rede Internet. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2004.
GUIMARÃES, Edgard. Fanzine. Série Quiosque n. 2. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005.
GUNDERLOY, Mike. How to publish a fanzine. Port Townsend, Washington: Loompanics Unilimited, 1988.
MAGALHÃES, Henrique. A mutação radical dos fanzines. Série Quiosque n. 9. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005.
MAGALHÃES, Henrique. A nova onda dos fanzines. Série Quiosque n. 7. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2004.
MAGALHÃES, Henrique. O rebuliço apaixonante dos fanzines dos fanzines. Série Quiosque n. 27. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2011.
MOTTA. Rodrigo Leôncio. Metodologia de Design aplicada à concepção de Histórias em Quadrinhos Digitais. Recife: Programa de Pós-Graduação em Design da UFPE. 2012. Dissertação em pdf.
MUNIZ, Cellina. Fanzines: autoria, subjetividade e invenção de si. Fortaleza: Edições UFC. 2010.
SANTOS NETO, Elydio dos. Os quadrinhos poético-filosóficos de Edgar Franco: textos, HQs e entrevistas. Série Quadrinhos Poético-filosóficos, n. 1. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2012.
SANTOS NETO, Elydio dos & PAULO DA SILVA, Marta Regina (orgs.) Histórias em Quadrinhos e Educação: formação e prática docente. São Bernardo do Campo, SP: Umesp, 2011.
SANTOS. Rodrigo Otávio dos. Webcomics malvados: tecnologia e interação nos quadrinhos de André Dahmer. Curitiba: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da UFPR. 2010. Dissertação em pdf.
SNO. Márcio. Fanzines de papel. São Paulo: Independente, 2007.
UTESCHER, Douglas & LEANDRO, Márcio. 1o. Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas. São Paulo: Ugra Press, 2011.

Referências complementares

CALAZANS, Flávio Mário de Alcântara (Org.). As Histórias em Quadrinhos no Brasil: Teoria e Prática. São Paulo: Intercom-Unesp/Proex, 1997.
CIRNE, Moacy. Quadrinhos, sedução e paixão. Petrópolis, RJ. Vozes, 2000.
GROENSTEEN, Thierry: História em Quadrinhos: essa desconhecida arte popular. Série Quiosque n. 1. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2004.
FRANCO, Edgar: História em Quadrinhos e Arquitetura. Série Quiosque n. 4, 2a. ed. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2012.
GUIMARÃES, Edgard. Estudos sobre História em Quadrinhos. Série Quiosque n. 24. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2010.
GUIMARÃES, Edgard. O que é História em Quadrinhos Brasileira. Série Quiosque n. 12. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005.
MCCLOUD, Scott. Reinventando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 2005.
MENDO, Anselmo Gimenez. História em Quadrinhos: impresso vs. Web. São Paulo: Editora Edusp, 2008.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2009.
SRBEK, Wellington. Quadrinhos & outros bichos. Série Quiosque n. 17. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2006.

Outras referências

ANDRAUS, Gazy. O fanzine de HQ, importante veículo de comunicação alternativa imagético-informacional: sua gênese e seus gêneros (e a influência do mangá). In Cultura pop japonesa. São Paulo: Hedra, 2005.
AZEVEDO DA FONSECA, André e VARGAS, Raul Hernando Osório. O uso do fanzine como estímulo à produção de texto jornalístico. Disponível em http://www.fnpj.org.br/soac/ocs/viewpaper.php?id=509&cf=18, acessado em 17/12/10.
BARREIROS, Bruna Provazi. A Revolução (ainda) não será virtualizada: os fanzines feministas na Era da Comunicação Digital. Disponível em http://www.petfacom.ufjf.br/wordpress/arquivos/artigos/revolucaonaovirtualizada.pdf, acessado em 17/12/10.
LUIZ, Lúcio. A expansão da cultura participatória no ciberespaço: fanzines, fan fictions, fan films e a “cultura de fã”. Disponível em http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Lucio%20Luiz.pdf. Acessado em 17/12/10.

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